Maggie- Dermatofitose associada a alergia alimentar
A Maggie é uma cadela Labrador retriever com 2 anos e meio, com historial clínico de alergia alimentar e dermatite atópica. A Safira apresentava recaídas intermitentes com prurido, otites e dermatite perilabial e interdigital. Sabíamos que a Maggie mantinha consumo de pequenas porções de extras, como por exemplo pão. Contudo, estas crises eram rapidamente controladas com a medicação e a exclusão dos extras. O episódio que agora importa relatar surgiu após a Maggie ter tomado banho numa lagoa junto com os donos. A descrição era de que a lagoa estava com água um pouco suja e que após o banho a Maggie começou com otite bilateral, comichões e faltas de pêlo difusas, generalizadas, associadas a eritema e pústula central em cada lesão. Devido ao historial e ao padrão de alopécia apresentado foram realizados vários testes dermatológicos e análises sanguíneas. O hemograma revelou leucopénia, neutropénia e eosinopénia. A bioquímica sérica revelou-se normal, à excepção de alterações não específicas na electroforese das proteínas, que mostrou gamapatia. O doseamento das hormonas da tiróide revelou valores dentro da normalidade. O resultado do despiste de Leishmaniose foi negativo. Na observação microscópica do produto da raspagem cutânea não foram observados ácaros. A cultura micológica de pêlos e descamação cutânea demonstrou a presença de um fungo (Microsporum canis). Foi diagnosticada dermatofitose por Microsporum canis. Foi iniciada a medicação tópica e sistémica específica para dermatofitose e elaborado um protocolo de desinfestação ambiental em sua casa. Devido à grande densidade pilosa, para reduzir a contaminação ambiental e facilitar o tratamento tópico, foi efectuada tosquia completa da Maggie, o que evidenciou mais o carácter generalizado do problema. Dois meses após o início do tratamento a Maggie estava em plena recuperação e nova cultura micológica do pêlo revelou um resultado negativo. Uma vez que a cura clínica (desaparecimento dos sinais e sintomas) pode surgir muito antes da cura parasitológica (eliminação completa do fungo), foi dada indicação para manter o tratamento tal como prescrito inicialmente por mais 4 a 8 semanas, dependendo da recuperação da Maggie. Quatro meses após o início do tratamento a Maggie estava clinicamente normal e a cultura micológica mantinha-se negativa. Foi mantida a medicação durante mais 4 semanas antes de interromper o tratamento. Actualmente a Maggie tem novamente um pêlo denso, brilhante e sedoso e mantém apenas o maneio da alergia alimentar.
Aspecto da Maggie após a tosquia, no início do tratamento, mostrando as lesões difusas, generalizadas.